O tempo, a pandemia e o vazio de sempre

by - setembro 17, 2020

    

texto sobre pandemia


    Já faz um tempo que eu não consigo sorrir sem lembrar das dores, dos desencantos, dos dessabores da vida. Sim, isso começou antes da pandemia, mas confesso que a pandemia só aumentou tal sentimento.

 

    É como se meu corpo simplesmente não respondesse de acordo com os pensamentos e como se meus pensamentos só acontecessem em um mundo no qual só há o lado sombrio das coisas. Tenho esbarrado em imagens sensíveis de ver, em cenários difíceis de imaginar e até mesmo em ilusões que só minha mente conhece.

 

    Sabe quando a gente olha para um momento e o modifica como se ele fosse um projeto de arquitetura? Tenho arquitetado tudo aquilo que não sou e que pretendo ser, mas ainda não estou perto o suficiente.

 

    Não sei se tudo isso faz sentido ou não. O que sei é que a vida não está dando certo do lado de cá e nem do lado de lá para viver sorrindo. E é horrível dizer isso porque o que a gente vê na TV não é pra qualquer um... sempre tem um barco mais afogado que o seu.

 

    Esse é um texto sobre nada, porque tenho sentido um nada dentro de mim. Sabe aquele vazio que a gente não consegue se libertar dele? Ele vai consumindo, corroendo, desfazendo... a gente grita para o lado inverso nos salvar, mas ele está ocupado demais do outro lado também.

 

    Vivo imersa demais, mas nunca sei onde estou pra poder conferir se voltei ao normal ou se ainda continuo no fundo do poço. Se há estrelas no céu, não as vejo mais... isso a pandemia me limitou também, mas sempre há aquela desculpa de “sem tempo” pra isso.

 

    Hoje me sinto sem tempo. Talvez sem tempo pra sorrir de verdade. Sem tempo pra aproveitar um momento do começo ao fim, faço do começo o meio e quando vejo já acabou. Me sinto sem tempo pra sentir. Sem tempo pra tentar mais uma vez. Sem tempo pra organizar a agenda e realizar as tarefas.

 

    Me sinto sem tempo pra viver da melhor forma possível.

 

    Ao mesmo tempo que o meu “sem tempo” quer dizer que ando fazendo coisas demais na intenção de me preencher, também significa que o amanhã pode não mais existir. E é aí que me sinto correndo novamente.

 

    Corro, corro, corro. Às vezes, saio do lugar. Outras vezes, só ameaço sumir. Não sumi ontem e hoje ainda estou aqui. Amanhã? Não se sabe. Não tenho tempo pra isso.

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