Eu estava lá por você

by - março 05, 2017


 
Perdi as contas de quantas vezes eu tentei me desvencilhar de você, rapaz. Não foi fácil decidir ir, mas mais difícil mesmo foi quando decidi ficar. E tudo bem, quem assumiu correr os riscos fui eu. A lição é inteiramente minha e eu não estou me iludindo tentando ver o lado bom das coisas. Acontece que, mesmo que eu não queira mais, ainda posso sentir o gosto do amargo de ter deixado de estar lá por você, depois de tanto tempo me mantendo intacta nessa mesma posição. Eu sempre estive aqui por você, sempre fui até onde pude ir, muitas vezes por nós dois, mas, na maioria das vezes, apenas por você.
É que a gente gosta quando o sorriso do outro estampa o efeito dos seus atos, mesmo que os mais insanos. E seu riso de lado, meio torto, com alguns amarelados fracos, inunda um sentimento bom dentro de mim e me faz querer te ver sorrir ainda mais. Acho que isso faz parte do “sim, eu aceito”, não é? Eu sempre quis te ver estampar esse riso a cada segundo do dia. E compreendo que, às vezes, fui além do que podia por isso, mas, sabe, tem coisa que a gente já não põe mais na cabeça e sim no coração e quero ver quem é que tira. E você estava bem aqui, no coração, acumulando meus espaços e tempos de diferentes formas.
Até que eu deixei de sorrir para ver o seu sorriso.
E foi então, após ter deixado de lado várias constantes curvas na bochecha, que eu comecei a sentir um vazio extremo. Não era dor, mas doía como se fosse. Sabe quando você sente que algo está errado e não consegue encontrar o erro? É que a gente acaba acreditando em verdades que nós mesmos criamos e, quando algo vira verdade dentro da gente, é difícil desmentir tudo, porque o coração, no fundo, ainda vai acreditar. E é a partir daí que nos deparamos com o que chamamos de conflitos internos: o coração diz sim, a mente diz não. O corpo quer, mas sabemos que não devemos. No fundo, nós sabemos que o que está errado não é tão errado para o coração, porque ele sempre vai torcer para os sentimentos que inventamos.
Meu vazio tinha nome e eu desconhecia.
Você se tornou minha causa a partir do momento em que eu estive lá por você e não o vi lá por mim. E tudo bem. Ninguém é obrigado a estar lá por outro alguém. Cabe a nós decidir por quem vale a pena lutar e, sim, cometeremos erros semelhantes milhões de vezes se for possível, mas um dia acabamos descobrindo qual o significado de valor. E hoje sei, valor foi a única coisa que não recebi de você. Porque não existe amor sem valor. Se você ama, valoriza. Se não valoriza, não ama. É simples. Mas eu fiz questão de complicar tudo.
Você se tornou meu motivo para sorrir, só que eu não.
Preservei seu riso, seu moleque bobo. Preservei nossos dias bons, cultivei nossos dias futuros, mas esqueci de nutrir o que havia de melhor em mim: deixei de alcançar meus sonhos. Ao me dedicar inteiramente a um alguém que não se dedicava junto, perdi a fé no que havia de bom em mim, era quase como se eu não existisse por dentro, apenas por fora. É que vícios são assim mesmo, não é? A gente vicia rápido demais, mas custa cair em si do mal que faz.
Viciei em você, no seu riso e fantasiei algo nutritivo que me desnutria sem que eu me desse conta, só que, sabe rapaz? As flores murchas ainda podem desabrochar e, a partir do momento em que compreendi meu vazio, acordei novamente para a vida.
E olha só, estou florescendo de novo.

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