#Resenha: Galveston - Nic Pizzolatto (Editora Intríseca)

by - abril 08, 2017



Título: Galveston
Autor: Nic Pizzolatto
Editora: Intríseca
Páginas: 240
Ano de publicação: 2015
Nota da leitura: 4,5/5
Onde comprar: Saraiva* Amazon * Submarino

A História
Roy é um cara durão, como esses da pesada. Não tem uma vida estabilizada e presta serviços a um cara que pode ser considerado pior que ele. É matador. Comandado por seu chefe, que agora está saindo com quem costumava ser sua namorada, ele tem mais um serviço a fazer. Mas algo lhe diz que aquilo pode ser uma cilada, o que, de fato, acaba sendo.
Ele escapa dessa, vivo e em sã consciência da grande merda que está virando sua vida. Agora ele tem um câncer para se preocupar e, como se não bastasse, acaba de carregar consigo uma menina que assistiu a tudo e que também estava metida, de alguma forma, naquela merda toda de emboscada.
Algo nela, mexe com ele. Algo nele, mexe com ela. Os dois nunca se viram antes, mas parecem compartilhar dos mesmos medos, anseios e pesadelos. Juntos, eles fogem para Galveston, carregando ainda mais surpresas, mais loucuras e uma vida inteira para zelar. Talvez eles estejam fazendo a coisa certa. Ou talvez não exista coisa certa a ser feita. Afinal, algo sempre pode dar errado e tudo pode chegar ao fim antes mesmo que o fim chegue.
Personagens principais
Roy é acabou de descobrir que tem câncer. Ele não tem ninguém. Não mais. A mulher com quem tinha um lance está com seu chefe. Ele é um matador de aluguel e se considera bom no que faz. É estratégico, mas não está ligando muito para o rumo de sua vida, afinal, sabe que a morte o espera através da doença que lhe corroi por dentro. É um cara experiente quando o assunto é bandidagem, afinal, a vida que teve lhe ensinou a ser cuidadoso e sempre esperar o pior.
Rocky ou Raquel é a menina que estava no mesmo lugar que Roy, na tal emboscada. Machucada e assustada, ela acaba indo com Roy. Ela é uma garota muito bonita, loiríssima e de cabelos curtos, corpo esbelto e um pouco tagarela, mas esconde algo e não parece ser algo bom. Rocky trata um combinado com Roy, sem mentiras, os dois pretendem se esconder juntos por um tempo e depois seguirem seus caminhos.
Ou não.
Personagens secundários
Stan é o chefe cretino de Roy. Aquele que roubou sua namorada e que comanda todos os escrúpulos de seus homens. Dono de um bar. Dono de várias almas que foram tiradas de várias vidas.
Carmen é a ex-namorada de Roy. Aquela com quem Roy sonha até hoje. Uma mulher bonita, esperta e muito sensual.
Há algumas outras pessoas importantes que surgem na história, mas vou deixar para que vocês conheçam ao lerem o livro, porque elas podem, simplesmente, fazer toda a diferença.
Capa, escrita e detalhes
A capa do livro é simples, porém instigante. É daquele estilo gostoso de capa, aveludada. Tem tudo a ver com a história, um lado meio sombrio, outro lado meio misterioso. Algo relacionado a fuga. Nada relacionado a paz. Talvez seja a descrição perfeita para esse livro. Não sei.
A escrita é simples e fluida. Só senti falta mesmo de algumas referências, por exemplo a coisas nomeadas por cultura ou sei lá, mas que não fazem sentido para todo mundo, ou seja, nem todo mundo sabe o que é e é chato ter que ficar pesquisando para saber.
O livro é narrado em primeira pessoa por Roy. E o que acontece de estranho na narração é que, de repente, estamos no hoje e, ao virar a página, já não sabemos mais onde estamos. E aí temos que ler o capítulo inteiro se contorcendo para ligar os pontos e descobrir se aquilo é passado, presente ou sei lá o quê. É que não há referência sabe? Às vezes, o Roy do futuro conta (um futuro que não sabemos onde se encontra e tal), e na maioria é o Roy de hoje. Sei lá. Foi diferente, nunca li nada assim, pelo que me lembro, mas fiquei meio perdida, outras vezes, gostei da sensação.
Só que achei bem arriscado essa ideia. Ou você odeia, ou gosta. Não sei por que fiquei no meio termo, talvez eu tenha gostado, afinal.
Os detalhes da história são mantidos, em sua maioria, como lembranças. O que vai nos revelando mais dos personagens.
Achei que faltou algo mais em Rocky, talvez algo que a caracterizasse melhor, não sei. Tive a impressão que não a conheci totalmente, mas vai ver essa foi a intenção do autor.
Conclusão
Esse é o tipo de livro que te faz fechá-lo e continuar pensando sobre tudo. Principalmente sobre a injustiça da vida, sobre os pesadelos que vivemos, sobre não saber por onde seguir quando se pega um caminho ruim. É um livro que te leva a refletir sobre as inúmeras forças que vêm para te derrubar e que, cara, não vai adiantar fugir por muito tempo. Uma hora a gente tem que enfrentar.
Mas também nos faz pensar em quantas chances podemos estar desperdiçando na vida. Em quantas pessoas podem chamar a vida de chance e o quanto as nossas tristezas podem nos afundar, principalmente, quando temos um passado que vive por nos atormentar. Um passado realmente ruim. Mas quem sabe as coisas ruins possam ser mudadas e se transformarem em algo bom?
Será que resta esperança mesmo na tragédia que persegue a vida?
Eu gostei muito do livro. Achei a leitura bem curiosa, os fatos bem curiosos e eu queria muito mesmo ter lido mais rápido, mas, infelizmente, o tempo não me permitiu.
Dá pra ler em um fim de semana, pois são apenas 240 páginas de fazerem sua mente dar um nó. Você vai sentir pena dos personagens muitas vezes, mas, em outras, vai se pegar pensando como seria se fosse você.
Eu parei de pensar, assim que a vida deles se tornou algo impensável.
Um livro ótimo, mas achei também que o final poderia ter sido melhor. Não foi ruim, super compreensível, aliás. Porém, sei lá, se fosse diferente... Só que sou romancista de primeira, né? E esse não é um romance comum. Vai fundo. Leia até a última página e me diz se você teria ido tão longe.
Recomendado para quem gosta de livros de suspense, com um bom drama e um toque de romance no ar.
Citação
Você cumpre a própria pena, não a de outra pessoa”.
Você não sobrevive a certas experiências, e, depois delas, não existe mais de forma plena, apesar de não ter morrido”.
Descobri que todas as pessoas fracas compartilham uma obsessão básica: elas se fixam na ideia de satisfação”.
Dezoito não é nada. Você tem tempo para reiniciar a sua vida umas três ou quatro vezes se quiser”.
Com essas coisas é assim: você não precisa sentir. Pode escolher o que quer sentir e o que não quer. Fique com o que quiser. Se algo não funcionar, descarte”.
O passado não é real”.
Nota: 4,5/5

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2 Recados

  1. Uau! Que história Sam.
    Vou procurar já.
    Amei a forma como divide a resenha, não deixa escapar nada.
    Beijoca ♡

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    Respostas
    1. Oi, Mah!
      Olha eu gostei,viu? Gosto de histórias que fogem do corriqueiro, como já percebeu, né?! Hahaha.
      Mas pra quem não gosta desse tipo de leitura, pode odiar. Hehe
      Mas eu recomendo.
      Exatamente! E fica muito mais fácil escrever assim porque não temos a chance de esquecer.
      Obrigada pela visita, lindona!
      Super beijo,
      Sâm.

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