Vejo você amanhã?
Passei a temer o amanhã a partir
do momento em que te vi. Sabe quando a gente não quer sair mais de
uma cena que não estamos sequer encenando? Às vezes nos tornamos
protagonistas sem perceber e é tão gostoso perceber que deu certo,
sabe? Mas, foi só você chegar, para o medo de tentar me consumir.
Tive medo de continuar indo por um caminho tão novo, desconhecido e
que eu não tinha a mínima ideia de até onde daria. Mas sabe quando
a gente vai fazer uma viagem e tem aquele friozinho na barriga? Tive
o mesmo sintoma. Vai ver você foi a viagem mais temorosa e gostosa
ao mesmo tempo em que eu me meti sem nenhuma bagagem nas mãos.
Sem destino, nós seguimos.
E olha que louco, ainda estamos
indo.
Eu nem sei mais por quanto tempo
vamos permanecer nesse sonho, mas desejo que o tempo não passe
quando nossos ombros estão se esbarrando por aí, nossas mãos se
enlaçando sobre o luar e nossos lábios se eternizando em nossas
respirações tão cúmplices. Só que ainda temo, sabe? É que
quando a gente gosta muito de certos momentos, não quer parar de
vivê-los, acabamos implorando ao tempo por um replay e passamos a
vida inteira no modo automático do amanhã, porque a gente não quer
que ele chegue e estrague tudo. É tão imprevisível que parece que
nosso maior desejo hoje é nos agarrar ao presente e nunca mais sair
de cena.
A incerteza do talvez nos inspira
a valorizar o que temos hoje.
E olha só que louco, estamos
valorizando muito agora.
Sinto minha alma se contorcer de
medo de, com a dura impossibilidade do amanhã, não ter mais seu
calor tão próximo. É que a gente tem medo de perder aquilo que nos
ajuda a não se perder pelo mundo. Que nos ajuda a ter uma estrela
para chamar de guia. A gente não quer perder a mania de agarrar nas
mãos que sempre estão ao nosso lado para o que der e vier. A gente
não quer perder. É essa a verdade! E se estamos ganhando hoje, para
que passar para a próxima fase de um amanhã incerto?
Cola aqui, vai. Não solta mais.
Se o amanhã chegar, a gente inventa uma nova morada e torce para que
o tempo não nos leve por caminhos distantes. Mas, caso o tempo nos
leve, a gente inventa um encontro em uma madrugada cheinha de
pesadelos e tornamos tudo um sonho novamente. A gente se vê,
promete? A gente tem que se esbarrar por aí, porque nossos corpos
parecem viver tão bem juntos, não é? Injusto seria se nossos
sorrisos não pudessem mais sorrir lado a lado.
A gente se vê amanhã? E vamos
colocar em prática nosso plano de tornar eterno cada segundo que
temos juntos para que a incerteza do depois não destrua o que o hoje
nos permitiu construir. É, acho que sim, a gente vai viver o amanhã,
porque ainda estaremos procurando um pelo outro, mesmo que nos
percamos pelos bosques dos sonhos intermináveis.
É que, se sonharmos juntos, nem
o depois vai destruir o que o agora nos deu: eu e você.
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