Não espero muito de você

by - agosto 22, 2015



Poderia escrever uma lista gigantesca de coisas que eu quero pra vida. Poderia escrever uma lista enorme de planos  e lugares que ainda pretendo conhecer. Eu poderia, também, escrever uma lista imensa sobre o que espero de você. Mas, acontece que eu não espero tanto assim. A vida me fez não criar muita expectativa; toda vez que eu me atrevia, algo saia do roteiro brilhante que eu havia criado. Pode sorrir. Eu deixo. Pode dar pulos de alegria por sentir que, comigo, não há aquela coisa chata de ter que enviar flores em um domingo e muito menos anotar meus gostos e desgostos pela vida pra, de vez em quando, me fazer ter a certeza que me conhece bem.
Não rapaz. Não quero que isso seja parte da gente. Porque eu não espero que você me ligue de madrugada, nem que me faça sair de casa às cinco da matina pra poder ouvir você dizer que me ama. Esquece isso. Não espero que você tenha sempre novas piadas para me arrancar gargalhadas fora de hora. Não espero que você seja compreensivo sempre, sei que estaria, pelo menos uma vez, negando a si mesmo. Não espero que não chegue atrasado, vez ou outra. As horas não importam quando os planos são perfeitos. Não espero que tenha paciência comigo em momentos que me pegar chorando em frente a uma TV por culpa da maldita TPM. É que, de verdade, às vezes vou gostar de estar sozinha pra fazer falta. Pra sentir sua falta e a minha também.
Não espero que me acorde com leite e cereais na cama; mesmo eu achando a ideia enlouquecedoramente perfeita, espero que me acorde com um simples beijo na testa, esses que só você sabe dar. Não espero que me leve ao cinema todos os finais de semana, espero, fielmente, que façamos do nosso sofá da sala e, claro, com aquele escurinho delicioso, um cineminha particular perfeito pra um bom filme pós-coito. Não espero muito, mas o que espero, significa tanto, que você jamais poderá chegar próximo ao que tento lhe dizer.
Não quero que você entre nessa com uma lista pré-escrita de afazeres e frases prontas pra serem ditas e vivenciadas por nós sem um pingo sequer de amor. Não quero rimas, não quero combinações perfeitas. Quero apenas eu e você, assim mesmo, do jeitinho que nós somos. Sem hora marcada, sem dia certo, sem saudade atordoante. Quero a nossa mania de sair sem rumo, de andar pelas mesmas praças da cidade toda vez que pensarmos em fazer algo diferente. Quero a nossa aventura repentina, sem data agendada. Quero nosso comprometimento um com outro sem que se precise dizer uma só palavra. Quero nossas manias bobas de perguntas e respostas, cujo nossos dizeres já sabemos de có.
Não espero sentir saudades suas, pois, de saudade, não quero viver. Mas espero sentir a sua falta sempre que insistir em viajar sem mim. Não espero receber uma ligação sua pra me dizer que está bem, quero estar ao seu lado pra constatar que está realmente tudo bem. Não espero que venhas ao meu encontro com um ramo de flores vermelhas nas mãos, mas espero, de coração, que venha ao meu encontro sempre. Não preciso sentir borboletas no estômago toda vez que eu ver você, mas preciso sentir você. Porque eu só espero, mesmo, que sejamos tudo que, hoje, ainda somos. Só espero que tenhamos nossos corpos mais unidos que eu e o edredom em dias de chuva forte.
Aliás, em dias de chuva forte, espero, de verdade, que eu tenha você pra me fazer lembrar que, apesar dos nossos medos bobos, toda tempestade, por pior que seja, uma hora passa. E que só não passa, aquilo que você não deixa passar. E que esse desejo quanto a nós dois não seja apenas meu, pois não quero que passe jamais.
Sâmela Faria
Insta: @samela_faria/ Twitter: @samelaestefany/ FanPage

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