Obs.: Texto publicado no SUPERELA. Quem quiser lê-lo inteiro, clique aqui! Deixe sua opinião!É que você precisa aprender a priorizar certas coisas em sua vida, não é preciso haver listas, nem caderninhos de anotações, mas um objetivo contínuo. Enumere seus desejos e com isso responda: o que te faz feliz agora? Continue com aquilo que te faz sentir bem, e o que deixa a desejar, deixe pra lá, vai esquecendo, vai superando devagar. A vida é feita de superação e novas metas, sempre há coisas que queremos esquecer e o que queremos realizar. O que vai te fazer mais feliz: remoer dores passadas ou tentar novos percursos? (Faria, Sâmela)
Você
pareceu de novo e dessa vez não foi nada rápido. Ficou ali comigo, no frio
do jardim, no pinicar da grama. Chegou sem nada a dizer e eu entendi tanta
coisa. Entendi todas as vezes em que chamei por um alguém que transmitisse luz
pelos olhos e que, ao invés de falar, decifrasse poesias. Que tivesse mágica
nos olhos castanhos e pequenos. E um coração grande como o tempo que cada vez
se faz maior em nosso meio. Uma alma forte e singela, tranquila e suave. Mãos
macias e lábios feitos algodão. Beijo quente, sufocante e delicado. Tudo
simultaneamente. E aí você chegou e me fez arregalar os olhos e brilhar como
purpurina.
Você
apareceu de novo aqui e eu não pude te expulsar, porque o que eu mais queria
era que ficasse, mesmo que não quisesse. O que eu mais queria era que me
visse, que me notasse, me tocasse fisicamente já que o meu emocional já havia
se perdido pelo contraste da sua pele lisa. Você sorriu de lado, eu senti um frio
me consumir. Ameaçou me tocar, eu derreti. É que você parece ser apenas um
idealismo me dando mais uma rasteira. Ou uma coisa da vida, dessas de me chamar
para dançar no gelo só por saber que eu me esbofetearia.
Você
levantou e eu quis te seguir. Mas você não me chamou. Eu fui assim mesmo. E
então você me olhou nos olhos como quem quer contar um grande segredo, eu te
olhei de volta como quem quer muito saber do que te envolve além da capa. Segurou minhas mãos e me puxou para o seu lado, eu sorri, você sorriu. Nós nos
amamos ali. E eu soube o quanto aquilo se tornaria um conto de fadas pra mim no
dia seguinte. Mas eu quis vivê-lo como quem ainda acredita em príncipe
encantado.
Porque,
afinal, você me encantou.
- Sâmela Faria
maio 18, 2015
No Recados
Gosto
de coisas que dão certo até mesmo quando não deveriam dar. Custo receber um não
como resposta, pois defendo o meu lado persistente de ser. Me acho sortuda por
preferir ser do que ter. Amar que chorar. Viver que sofrer. E aí você deve
estar pensando agora: Mas ninguém escolhe
chorar e sofrer! Pode não escolher a princípio, mas continua na fossa por
pura falta de vontade em sair dela. O ser humano precisa parar com essa mania
tola de que não consegue. É claro, não acredita.
Acho
bizarro essa melancolia que leio nos olhos alheios, mas sinto os corações tão
puros, tão vazios de si mesmos. É que as pessoas estão sempre tão preocupadas
com as horas que não passam, ou com a velocidade que se encontra. Com a luz que
está acesa sem que ninguém precise dela. Com a TV ligada em um canal qualquer
onde ninguém assiste. Estamos todos tão preocupados em pegar o próximo ônibus,
comprar mais papel higiênico e não comer isso e aquilo que, vez ou outra, nós
entramos em um modo automático.
Gosto
de ver as coisas saírem do controle e, de repente, se adequarem ao momento,
porque gosto do devagar, do suave, do natural. Não gosto do esforço árduo, do
suor gelado e da respiração ofegante. Prefiro o vento do hálito quente no
cangote, mãos que acariciam, a presença de repente. Mas a sociedade é ligada
demais na agenda formal, nos compromissos marcados e se não estiverem marcados,
não acontecem.
Uma
sociedade onde não se deixa levar pela brisa da manhã em um dia de inverno. Não
dança na chuva, nem molha os pés nas águas do rio. São pessoas presas em suas
próprias gaiolas enferrujadas. Pessoas que não sabem valorizar o momento, o
desafio de sair da rotina. O sabor de fazer acontecer diferente. O nocaute na
vida tediosa. Gosto mesmo é de pegar a primeira ideia da mente e transformar em
caminho, de correr contra as formalidades de vez em quando e soltar a voz em
meio à multidão. Gosto de assistir sorrisos soltos e não forçados. E doar aos meus sorrisos, aos meus dias, um pouco de
magia ao acordar.
Seja
um pouco da imagem mágica que existe dentro de você, sempre tem um desejo que
bate forte dentro do peito e que, por vezes, é esquecido.
- Sâmela Faria
maio 14, 2015
6
Recados
É
que as pessoas sempre me perguntam: O que você faz quando está com bloqueio?
E
a minha única resposta é: Leio.
Eu
leio sim, e muito. Porque descobri que o melhor jeito de se inspirar quando se
está com bloqueio é lendo outras obras e, de preferência, de autores que você
gosta. Eu leio muito mesmo. E diante, às vezes, de uma única palavra já surge
uma nova história para ser lida também.
Mas
o mais engraçado é que, quando você se encontra nesse estado de precariedade
que limita seus pensamentos, sentimentos e emoções, qualquer coisa que se pensa
depois pode muito bem virar um texto, mas não vira. Não vira porque falta um
batuque, falta uma magia, um encantamento maior. Embora as pessoas achem que
escrever é fácil, há dias em que nada sai, nada entra. Há dias em que muito se
pensa e pouco se escreve. E dias em que você simplesmente está cheia demais e
acaba transbordando muito.
Acontece
que, agora, eu parei de me cobrar. Quando a gente se cobra demais, acaba
recebendo bem menos do que o esperado. Ando esperando nada e encontrando muito.
Ando esperando muito e encontrando nada. São coisas da vida, mas que, se você
quiser, dá pra trapacear um pouquinho aqui e ali para se sentir melhor no
dia a dia. Ando deixando rolar, sentindo aos pouquinhos o que tiver que sentir
e, em um golpe grande, jogo tudo em palavras quando dá pra jogar.
Esse
é o meu jogo predileto, jogar com as palavras. Agora deixo com que elas me
encontrem, com que elas me interpretem, me completem. E só transbordo quando o
coração já tá entalando, quase não mais aguentando. Faço das minhas surras da
vida, um caminho para alcançar as coisas boas mais a frente. E deixo que as
emoções se juntem aqui dentro e façam bom proveito da alma aniquilada, fria e
calculista.
Porque
a alma também sofre bloqueios. Tem dias que sequer ouço seus ruídos; tem dias
que não entendo o que diz, de tanto que fala. Mas bloqueios servem de impulsos.
Você se impressiona com o que pode escrever após ser tão limitada, a alma berra
de faltar voz, mas não perde o fôlego.
- Sâmela Faria
maio 06, 2015
4
Recados