Encontrei com ela mais uma vez, num desses dias em que você só sai para relaxar e não pensa que nada de bom possa acontecer. Por acaso, atravessei a rua e dei-me de cara com aquele mesmo banco onde ficava esperando o próximo ônibus. Ela ainda não havia chegado. Ou talvez, já tivesse ido embora. Continuei minha caminhada despercebidamente e antes de eu tropeçar no pedregulho da frente, esbarrei com ela. Sempre apressada e com cabelos voando. Com um sorriso estampado para retribuir antes mesmo de ser dado por alguém. Era estranho estar no mesmo lugar que ela e mesmo assim sentir que é pouco.
Pedi desculpas pelo transtorno e dei meia volta para buscar
fôlego e continuar minha caminhada. Foi quando ela sorriu e disse que eu estava
muito disposto por sair bem cedo para andar sem destino. Suspirei fundo e
tranquei minha eterna vontade de dizer o quanto eu a admirava, o quanto eu
achava-a linda e o quanto eu estava disposto a esbarrar com ela de repente ali,
todos os dias e manhãs. Antes mesmo de sentir seu perfume, agradeci e apertei
contra o peito o meu tremendo orgulho em considerar suas palavras um grande
elogio.
E assim o dia começou tão bem que eu poderia falecer ali
mesmo. Eu precisava voltar e vê-la novamente. Corri contra o mesmo caminho
torcendo por um atraso repentino do ônibus que a levava para casa. E para minha
tristeza, ela já havia ido embora. Sentei em seu banco de todos os dias para
repensar mais uma vez o quanto eu estava sendo idiota. Havia um pequeno pedaço
de papel jogado ao chão, a curiosidade tomou posse e eu o peguei. Lá tinham uns
números de telefones anotados nele, e para minha surpresa, lá estava o meu. Com
um nome pra lá de verdadeiro “Moço da caminhada”.
Seria um retorno da vida? Seria o amor querendo unir nossos
corações? Foi aí que logo abaixo, por último, encontrei o pior do que eu
poderia encontrar “Meu amor”. Meu coração entrou em colapso com meu corpo
gritante de socorro. Percebi alguém chegar e antes da primeira lágrima rolar em
meu interior, senti novamente o cheiro dela pairar. Quando levantei meus olhos
lá estava ela, agradecendo por ter encontrado aquele minúsculo pedaço de papel.
Eu a entreguei e virei de costas para ir embora. Então ela correu e me abraçou
por trás, disse que perdeu o ônibus e me pediu companhia e rasgando o último
nome daquele papel ela sorriu para mim novamente. Foi aí que eu não pude negar
e o melhor de tudo que aconteceu naquela manhã, foi quando a vi voltar e me
pedir para ficar.